quinta-feira, agosto 20

Rascunho

Com a constatação da inversão cínica dos valores na sociedade, juntamente com a ironia cada vez em maior expansão dentro do cerne pensante (universidades, trabalhos acadêmicos, etc) outro fenômeno acaba por ocorrer na periferia dessas ações: o jovem dos dias de hoje se mune das prerrogativas cínicas despejadas pela própria sociedade e as reutiliza, mas como sendo verdadeiras fontes de crítica, não levando em consideração todo o processo social que tais aparatos visavam manter por meio de seu uso.

(Há uma mudança no jogo de linguagem, sem que esta mudança seja identificada por aqueles que o jogam, no caso, os jovens)

Na ânsia de tentar oferecer outra função aos meios outrora abandonados (estilos de vida, produtos da indústria cultural, ideologias) o resultado obtido é, na melhor das hipóteses, cômico: ao pensar criticar o sistema, os jovens acabam por alimentá-lo com frutos já usados, podres – assim criando uma sensação de mal estar na sociedade, visto como “eficácia” do método pelos seus realizadores e dando a clara certeza quanto a alienação total dos indivíduos na periferia da sociedade (aqueles que se julgam “fora do sistema”), que não conseguem distinguir crítica com hipocrisia.
(Notar o caráter de organismo que o sistema adota: maior nível de consciência dele próprio em comparação aos componentes que agem dentro deste)  

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