sexta-feira, setembro 11

Então te observo.

Começo a ver sua atenção concentrada no infinito (branco, talvez?). Aquela beleza, ah... Pura, única. Pelos meandros desta, sei te encontrar.

Uma valsa? Não só uma, mas todas! Dançar até o cansaço dos violinos, até que sua imagem e a minha sejam uma. Acompanhados pelos leves passos - sempre leves - que só o amor conhece bem.

Quero que a noite nos guie por seus caminhos iluminados (a claridade da lua). E quando finalmente amanhecer estaremos juntos, olhando para a liberdade das nuvens.


Seria um sonho somente, ou desejo clamando por ser realizado? Posso escutar, ao longe, a voz silenciosa de minha consciência azul-marinha vagando pelo caminho da indecisão.

sexta-feira, setembro 4

Linda lua linda.

Antes de mais nada,

linda você.

A poltrona é sempre mais acalentada e receptiva que andanças pelas veredas inundadas dos conflitos mentais.

Batalhas são eventos belíssimos, quando vistas de longe, fora do alcance de qualquer pequeno estilhaço.

Ninguém quer envolvimento real.

O levantar do fura-bolos em direção ao teto numa aula monótona parece requerer mais esforço que o segurar dos céus feito por Atlas.

Quaisquer bocas inclinam-se ao congelamento diante de perguntas que trespassem o nível da vida mecanizada.

Pelo visto, o contentamento medíocre é o que nos resta. Qualquer traço de resistência parece agora fútil, afogado em suas poças de sangue (renovadas), espalhadas no mundo.

Lágrimas já não servem mais.

quinta-feira, agosto 20

Rascunho

Com a constatação da inversão cínica dos valores na sociedade, juntamente com a ironia cada vez em maior expansão dentro do cerne pensante (universidades, trabalhos acadêmicos, etc) outro fenômeno acaba por ocorrer na periferia dessas ações: o jovem dos dias de hoje se mune das prerrogativas cínicas despejadas pela própria sociedade e as reutiliza, mas como sendo verdadeiras fontes de crítica, não levando em consideração todo o processo social que tais aparatos visavam manter por meio de seu uso.

(Há uma mudança no jogo de linguagem, sem que esta mudança seja identificada por aqueles que o jogam, no caso, os jovens)

Na ânsia de tentar oferecer outra função aos meios outrora abandonados (estilos de vida, produtos da indústria cultural, ideologias) o resultado obtido é, na melhor das hipóteses, cômico: ao pensar criticar o sistema, os jovens acabam por alimentá-lo com frutos já usados, podres – assim criando uma sensação de mal estar na sociedade, visto como “eficácia” do método pelos seus realizadores e dando a clara certeza quanto a alienação total dos indivíduos na periferia da sociedade (aqueles que se julgam “fora do sistema”), que não conseguem distinguir crítica com hipocrisia.
(Notar o caráter de organismo que o sistema adota: maior nível de consciência dele próprio em comparação aos componentes que agem dentro deste)  

terça-feira, junho 23

Dou um beijo na testa dela e apenas sorrio. Depois sigo em frente.

Todas aquelas palavras e histórias e reclamações vão ficando pra trás. Já não tenho motivos pra fingir interesses.

Ela também (agora) parece não querer nada. Mas, como um objeto jogado aos prazeres do mar, um dia a lembrança será mais forte e o fará voltar.

As águas desta vez a trouxeram num ponto onde minha vista consegue enxergar, muito distante. Minutos depois aquela visão sumiu, deixando tantos rastros quanto o beijo, vindo da sempre distante e amarga boca, que nunca tive.

Restos de um pequeno barco revelam minha trajetória de vida: remei com força, mesmo em momentos de tempestade. Quando avistei rochas, já era tarde. Acabei desacordado, em ilha remota.

Chove agora.
Ah, bem percebido.

Estava bem desanimado sim,
E de mente conturbada,
E de olhar sem fim,
E de angústia no peito
E de cara sem riso

É tudo vida.

Bruna

O Sol ao fundo já ia se recolhendo, dando espaço para a lua, estrelas e desejos permearem a alma da cidade em movimento contínuo.
Relógios e telefones celulares também anunciavam o cair da noite, ou melhor, a hora de partida do trabalho. Logo pontos de ônibus se apinhariam de gente consumida pelo mundo moderno, que não mais olhava o céu, as estrelas ou mesmo a lua. Pensamentos confusos transbordavam naquela maré humana.
No entanto, alguns faziam o caminho inverso. Trabalhavam o corpo ou mente, assim que viam os raios solares indo embora.
Linhas e mais linhas formavam-se sobre a folha de caderno. Eram as linhas de um rosto talvez; tinha uma espécie de sorriso amargurado, ou constrangedor. A mão que executava tudo era certa em seus atos e rápida no preenchimento. Os olhos prestavam atenção nos traços e na bela noite que ia surgindo. Tentava lembrar de uma idéia, não queria que esta tivesse o mesmo triste fim de outras tantas, descartadas no galpão dos esquecimentos.
Enquanto o desenho ia tomando formas de rosto humano, feminino, um manso mar de realização encobria e começava a transbordar por entre os olhos e óculos da menina desenhista.
Finalmente, já sabia o motivo daquela peculiar idéia de montar um rosto permanecer em sua mente durante tanto tempo: era o rosto de uma amiga formando-se através de seus ligeiros e cadenciados traços! Como fez tudo aquilo e só agora conseguira identificar sua própria criação? Pergunta que pairará sobre nós, mas de qualquer maneira os instintos ou qualquer coisa outra tinham guiado mãos e formas para que o resultado fosse alguém tão familiar.

Um sorriso então. Um sorriso tornou-se a arma contra o tédio.

domingo, junho 21

Um dia, nada mais de especial. A saudade resolve mostrar-se grande e reviver o desejo de vê-lo outra vez, desejo este já mais que esquecido nas entranhas do passado.

Mas antes que ele também pudesse revê-la depois de hiato tão longo, a saudade enfim, passou.
E assim, o outono em seu bom friozinho se vai.

quinta-feira, junho 11

Depois perdeu a casa
E então a mulher,
os filhos, a geladeira,
o cão.

Primeiro perdeu a vida.

segunda-feira, junho 8

Preguiça de viver

Outro dia, outra tarde passando bonita aos nossos míopes olhos, através da brutal realidade.

As risadas desconexas parecem mais gostosas e sinceras que o pôr-do-sol, lindo pôr-do-sol.

Tão presente e por tanto tempo irrelevante. Pensemos melhor.

O verde do vale pode continuar lá, parado, pra sempre.

Cabe a nós explorá-lo enquanto o tempo nos permite a tarefa louca de viver humano.

Rezar ou chorar, não sei o que deveríamos. Aproveitar? Ainda não aproveitamos nada.

Já faz aquele frio gostoso de outono e a falta de luz natural me chama pra casa, pro aconchego.

A mente não quer largar o frio. Ou a cidade la fora, ou o verde, ou o vale, ou a menina não te esperando com um sorriso no rosto, ou ele feliz. Não quer.

Quero um cigarro. Cigarro este pra comemorar o mais novo câncer do mundo: eu,
você

E todos nós, juntos.

sábado, junho 6

B de Bukowski*

 

            O armário continuava a ranger e o ventilador parecia não surtir efeito contra o pegajoso e podre calor que agora já infestava toda a casa. O cigarro aparecia como o último remédio contra aquilo tudo. E, de fato, talvez fosse.

            Mas era segunda-feira ainda e o calendário apontava pra mais uma feliz semana de trabalho como pedreiro na construção de um prédio qualquer.

            Desligando o velho radinho de pilha, foi dormir num colchão furado estendido por ali.

 

            O despertador foi rápido ao torturá-lo para levantar e sair daquele quartinho (que permanecia, mesmo de manhã, um forno).

            Com um pingo de remorso ele ficou assim que bateu forte no diminuto aparelhinho irritante. Coitado! não tinha culpa do horário que deixaram pra despertar. Apenas fazia seu trabalho.

 

            - Merda! É sempre assim! Amiguinhos meus da terceira série iriam dizer a mesma coisa; mafiosos, traficantes e outros filhas-da-puta também.

            ...Eles ainda seguem regras. Muitas regras.

 

            Seguiu rápido para lavar a cara – ainda moribunda – e contemplar o estrago que o último porre deixara seu rosto.

* Texto incompleto.


Olhar diferente*


            Um garoto, com uma face onde se lia facilmente qualquer coisa de enigmático, chegou perto de um moço sentado naquela praça e perguntou, sem muitos rodeios:

            - Moço, por que quando você olha, seu olhar é diferente das outras pessoas?

            - Porque eu olho com outros olhos as coisas. Vejo tudo diferente, disse o rapaz, sem muita pressa.

            - Vê tudo azul?

            E um leve sorriso deslizou no rosto daquele jovem.

            - Azul não, mas diferente, como se visse a vida de outro jeito, aí também olho com outro jeito pro mundo. Mas me diga, como é que descobriu que meu olhar era diferente dos outros?

            - Foi fácil, na verdade. Você é o único que não olhou alguém jogar dinheiro pela janela.


*Texto antigo.

 

Planos abortados, mal

fadados, sem sucesso,

trabalhosos, inúteis, bobos,

fracassados.

 

Meu passado e futuro

amoroso.

quinta-feira, junho 4

dia-dia

Seis horas com sono, cansado já, despertador: barulho, barulho (chato), óculos ali em cima, água fria. Por que tão cedo? Café, pílulas (várias), banheiro água fria roupa material. Elevador.
Elevador. Portão transporte, sentei (e dia nem é ainda), gente entrando mais gente. Silêncio, silêncio. Clareou, esquentou, lotou. Escola na paisagem.
Saímos todos, caras feias, su-bi-mos, andamos andamos, su-bi-mos novamente. Ar, onde está? Falta...

Pronto, melhor. Mochila carteira meu lugar marcado. Aula, aula, aula, aula, aula, aula. Pessoas pelo pátio passeando e passando, procurando por pessoas.
Olha, ali em embaixo: um feliz, risadinhas com o amigo, garotinhas belas & burras passam ao lado. Garoto de óculos no canto, ruminando. Vai matar a todos (!).
“Quantos minutos?” “Poucos, já vai acabar.” “TRIIIIIIIIIIIIIIMMMMMMMM.” “Acabou” “ainda não...”.
E nós, como dois sobreviventes de batalhas, no exato momento que se segue ao último tiro disparado, des-ce-mos as es-ca-das. Outras tantas histórias pareciam ir conosco, descendo aqueles gélidos e sujos degraus, mau cuidados pelo tempo e por nós mesmos. Mortos ali? Nenhum, mas se a visão fosse perfeita... Histórias e mais histórias infindáveis pra se contar!

Professores – nossos mestres -, apostilas – nossas bíblias – e seguiu o tempo finito da morte vivida diariamente.
“TRIIIIIMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM” – “Finalmente”

terça-feira, junho 2

Do not

 

 


Do not.

Do not enter, do not pass, do not exit, do not quit.

Do not walk, do not smile, do not smoke, do not drink, do not sleep, do not have sex,

Do not speak (with strangers), do not write, do not read, do not think.

Don’t.




domingo, maio 31

 

Queria escrever um livro, um manual, um folheto, uma carta, uma reclamação, um discurso, um poema, um verso. Mas com certeza não valerá a pena.

A falta de palavras talvez já expresse meu estado.

 

sábado, maio 30

Novamente, Drummond acerta.

A boca, depois mesmo de tudo

ainda está longe,

separada por um abismo,

um oceano, muralha qualquer

Intransponível.

quinta-feira, maio 28

Dedilhando o vidro empoeirado e escutando o sabor do tempo passar moleque entre as frestas da vida, ela seguiu o corredor.

O som passou de uma valsa alemã para estridentes grunhidos vindos de diversos instrumentos, ao mesmo tempo, numa desordem, num caos (calculado).

Paredes paredes tijolos paredes, impacto. Cabelos esvoaçantes, cabeças esvoaçantes, braços, pernas, olhos.

Um clarão. Sonhos desfeitos, “não mais que perfeitos”. E tudo se vai, tudo se foi.

Tente acompanhar o ritmo da ventania ou do bater de asas da bonita borboleta. Ou morra.

“Threnody for the Victims of Hiroshima” by Penderecki

quarta-feira, maio 27

Second World War

“And when he gets to
Heaven to Saint Peter he will tell, "Just another soldier
reporting sir. I've served my time in hell.”
June 7, 1944

Dear Jolene,
I’m alive, after all. This is still hard to recognize, since all that I saw yesterday on the beaches of Normandy. All the blood, the guns, the shoots and explosions will ring in my mind every single day after I witnessed what human beings can do to one another. Our training was tough, but nothing could’ve prepared us for what was to come.
Many of the young men that were alongside me during the attack felt exactly the same way as I did. Once we hit the ground, all the noises just faded away, and the horrendous scene of the battlefield jumped to our eyes like lions when attacking a harmless zebra. It wasn’t possible to do nothing, but to feel that atmosphere entering in your bones, flesh and finally into your soul. We were marked by it, everyone.
Fortunately, I could get out alive of that hell and it wasn’t just for my physical and mental preparation, but to your love, which gave me all the strength I just needed. Even if we are separated by an entire ocean, I can sense that our hearts still together, as always.
After the first minutes of shouting coming from my lieutenant, I moved on to the nearest cover position. He gave me a not so easy task, yet a necessary one. It was clear for every one that our entire platoon needed to go forward and head to the beach wall, but first we’d got to find the explosive guy, a soldier named James.
At this very moment, I realized how courage and devotion to duty made great differences in cases like the one we’re passing through. When decision as to be made in no time, skill and reason have to go upon all the fear one’s might be scared of. And so I went running to give cover fire, making it possible to James for planting the explosives. I just tough about you, and how would I be if never more I could lay my eyes in your lovely face, or touch your holy lips with mine. Then, I had to survive. Getting out of hell was something to be done, in order to stay alive and take care of you.
This night I’m resting, but soon the entire platoon will move on and proceed into a deeper France, still commanded by the Vicky Government, and by Hitler’s troops. It’s our duty to free all the Europe, and I’m very proud of participating in such a great event in History. Nevertheless, what I feel happier for is to have met you.
With love,
Lewis.

terça-feira, maio 26

Para uma amiga

Karol ali sentada, quieta em sua carteira, atenta apenas ao sensível som do silêncio e aos instigantes pensamentos que lhe surgiam para tirá-la de qualquer realidade em que estivesse.
Memóras, memórias também enchiam de cores todo aquele melancolismo típico da manhã. Um sorriso talvez se desenhasse em seu pálido rosto.
Feliz não porque alegre, não porque contente. Feliz por estar viva, apenas.
Outra página virada no livro didático em cima da mesa. Outro minuto a menos no Planeta. Outra hora para a eternidade.
Brisa alguma se sentia por ali. O ar-condicionado fazia o papel de Mãe Natureza.
Janelas, todas próximas, formavam uma visão panorâmica. Nada de muito bom para se ver, é verdade, mas o olhar da menina apontou decididamente para lá. Atravessou o vidro, os prédios e tudo mais que estivesse visível e foi de encontro ao que pessoa alguma podia ver.
Os olhos pensavam, a mão tornava-se impaciente e o relógio clamava por segundos mais rápidos.
Num pequeno suspiro, desfez-se ela em lágrimas, em pranto. Sim! Era feliz agora, mais do que poderia vez alguma imaginar.
O forte gosto da liberdade quando vai à boca é com toda a certeza inesquecível. Ainda mais quando sensato.
Sorriu novamente, de volta para a realidade.

segunda-feira, maio 25

Fartos e felizes

         Nada poderia retirar daquela noite a faceta normal com que os moradores de São José se acostumaram a deitar sob suas camas, com certeza. Porém, a aparência negra do céu, as nuvens e mesmo a amena temperatura combinadas com um vento teimoso e gelado não pareciam ter qualquer relação com um grupo de jovens que, mesmo com todas as barreiras naturais impostas ao estarem ali, continuariam com seu ritual de união e passagem para outro estado, tendo como meio de transporte a bebida (de qualquer qualidade, apenas importando o efeito desta). Defendiam aquele hábito de ficarem acordados até tarde, bebendo e discutindo sobre banalidades típicas de adolescentes ali numa pracinha ampla e deserta com forças que talvez se igualassem às empregadas por Ulisses, quando fez viagem de volta para terra natal, não importassem os perigos por que iria percorrer.

         Mas por aí acabavam as coincidências com o astuto herói, porque nenhum dos modernos jovens se disporia a ser tentado pelo cântico divino de sereias e teria a coragem e força de vontade necessárias para do mastro não sair, não ser perdidamente levado por aquele sobre humana beleza. O impulsionador deles era justamente o contrário: não queriam sair do torpor pelo qual seus ainda novos corpos e cérebros estavam inseridos, amarrar-se-iam para que nenhum anjo, demônio ou ser que fosse ousar retirá-los dali.

         A letargia e felicidade só iriam se esvair no momento em que o efeito do álcool já tivesse por fim ido; ninguém ali era capaz de ser alegre e resolvido com a vida se não com a ajuda de entorpecentes. A cena lembrava o momento em que as crianças se vêem obrigadas a recolher os brinquedos e obedecer às ordens impostas por seus responsáveis: tão donos de si e das ações para com seus brinquedos, e agora reduzidos ao cumprimento de chatices ordenadas pela mãe. As horas para acabar com as tarefas chatas e retomar as brincadeiras eram contadas na fração de segundos, dependendo do desespero por divertimento que a criança tinha.

In the slums of an old big town it was possible to hear very fast steps coming from a woman’s shoes. This scene demonstrates almost exactly what the Night was like: always fast, and silent.

Among the destroyed buildings and accumulated garbage the woman walked rapidly looking every direction, in the search for some stalker who might be following her through that smelly neighborhood. One could never be safe once out in the streets. The night, along with the poor clarity of the moon on that day in particular, made it even more dangerous (if it was possible to be so).

To go out in conditions like those was pure madness or strong willing to do anything which would be unthinkable in the bright sky of a shiny day. If one wanted emotion, extreme feelings all over the bones, there were no better ways to have them yet discovered than to expose yourself like the woman that we’re following.  

At the time, most of normal human behavior had changed, or destroyed, let’s say. Decades of wars made the society a dystopia full of non-human elements inside it. Relations between men were not human at all; people had become something similar to the machines that once they produced in large scales.

Our cute-looking woman (in contrast with everything else on that city) had crossed a bridge where connection between the slums and the centre was made, when suddenly, she’d to stop and wait until the patrols were out of that area. They’re the only ones permitted to stay on the streets and, if they saw anyone, to shoot was not an option, but an order. Having noticed the reasonable distance of the patrol, our heroin quickly got to a sewer passage nearby. It was a secret passage.

Finally she took out her vests and, with a clever and soft move, entered on a small room. There she met her other friends, who were also members of whatever kind of resistance there was. Even with all the oppression, hatred, poverty and madness governing a country or the whole Human race, there’s always those who goes against it. Some are judge as traitors or crazy, but in a world where ignorance is king, who’s right, after all? They’re fighting against the system, and they knew it. If they’re wrong, still they had knowledge of what they were fighting for. Know what choices you make, and their meaning.

            A madrugada já ia se extinguindo, devolvendo o espaço que pairava sob todas aquelas cabeças e pés que se movimentavam horas antes, ao som da música saída de enormes caixas de som.

            Era uma festa, uma das várias a acontecer naquela mesma noite é verdade. Porém, talvez fosse a única que apresentava um indivíduo com tamanha certeza da impossibilidade de alguns anseios tornarem-se reais. Estava tão certo quanto aquele momento o permitia. Tão certo como a inevitável tristeza que de que lhe trespassara a alma depois da salgada  descoberta. O sonho que a lua trazia para ele não serviria.

            Toda movimentação, alegria e energia vista ricamente decorado salão parecia não importar, até a não existir, perante os olhos daquele rapaz. Nítido era não que compartilhava de nenhum dos sentimentos que os outros viviam. Com rapidez e sem muito embaraço, pôs-se da entrada à mesa que provavelmente lhe era reservada em questão de minutos.

            Nada podia ele negar, sua cara, diferentemente de outras por ali presentes, não era capaz de mentir qualquer vã coisa. Os traços – quase sempre sérios, atentos – denunciavam-lhe o caráter por trás do rosto. Os lábios não sorriam, e mostravam desinteresse nas trivialidades, assunto maior dos dias de hoje.

            Depois de dez, vinte minutos à espera, avistou finalmente quem lhe tirava toda a atenção e calma por esses dias. Mais quatro mesas e já poderia falar com ela, no tom que até o momento não o tinha feito. Já como que desesperado se punha, para recebê-la e ir logo ao ponto, quando percebei que o destino dela não era a mesa sua, ia com passos leves e de presença até um outro, que por ali estava.

            - Nessas horas a falta da visão ou mesmo atenção cairiam para mim como dádiva – resmungava ele em pensamento.

            Ações e imagens podem de fato valer mais que mil palavras, ou até mil socos e punhaladas, como parecia ser o caso.

            Voltava o moço ao assento, só que seus ares de sério já davam lugar à raiva e indignação. Seria possível dizer que machucado ou dor qualquer lhe causava desespero  o suficiente para querer chorar e conseguir, mesmo que em mente, aliviar o mal sentido. A questão é que tais dores não provinham de rasgo na carne u fratura nos ossos, mas da alma. “Amar não é para amadores” um havia dito outro tempo, e qualquer um que por situação similar tenha passado, o sabe bem. Este tipo de dor é mais afiada que faca e mais dura e áspera que chão concretado.

            Por fim, vinha a menina, que agora podemos ver melhor, com grande formosura e sorrindo o riso só possível para os que nada sabem ou não querem saber. Sua estatura era baixa e seus olhos, penetrantes. Semelhantes aos da águia caçadora e do jogador de xadrez, ao mesmo tempo. Eram castanhos, mas a cor nada ou quase isso preocuparia a quem por eles foi atraído. Se o olho for mesmo a janela de nossa alma, o dela servia  como abertura para o Universo inteiro.

Outro José

 

Proteger, olhar, zelar, querer, desejar, ajudar, perder, não tentar, falhar, chorar, perguntar, imaginar.

 

A proteção não reconheceu, o olhar desviou, o zelo desprezou, o querer afastou, o desejo suprimiu, a ajuda não adiantou, a perda ocorreu, a tentativa não houve. A falha sim, o choro também. E a pergunta, resposta alguma teve.

A imaginação continua.